IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DAS TERMELÉTRICAS MOVIDAS A CARVÃO MINERAL E A GÁS NATURAL NO BRASIL
Moisés Nazareno
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos socioambientais causados pela geração de energia das termelétricas brasileiras movidas a combustíveis fósseis, carvão mineral e a gás natural. O trabalho visa ainda mapear a expansão da rede termelétrica alimentada por esses combustíveis, bem como verificar os avanços tecnológicos para mitigar os impactos das emissões de gases e outros poluentes lançados na atmosfera pela queima do carvão e uso do gás. Trata-se de uma revisão bibliográfica baseado em artigos científicos e publicações mais recentes de instituições governamentais e especializadas no setor energético. Os resultados obtidos apontam que as mudanças no perfil energético brasileiro nos últimos anos provocam impactos significativos. A opção por uma termelétrica causa impacto deste a implantação até uso e descarte da água usada para aquecer as caldeiras e destinada aos sistemas de resfriamento. A agressão mais significativa, contudo, é causada pela emissão de gases, como o CO2, de efeito estufa (GEE), principalmente na queima do carvão, que apesar da participação pequena no setor energético brasileiro, é o mais agressivo. O carvão mineral é o principal combustível usado no mundo para produção de energia - o mais abundante na natureza e o mais sujo dos combustíveis fósseis, ficando atrás apenas do petróleo - O gás natural vem ganhando força na matriz energética, apesar de poluir menos que o carvão responde por uma grande parcela de emissão de poluentes.
Palavras-chave: Termelétricas. Carvão Mineral. Gás Natural. Emissões de Poluentes.
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1Estudante do Curso de Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Maranhão – IFMA
kamuikyo@gmail.com
INTRODUÇÃO
O Brasil tem uma matriz termelétrica em crescimento, desde a crise hídrica no começo de 2001 houve uma expansão significada durante a década, e outras usinas estão em construção ou em projeto de implantação. Segundo A ANNEL, de 1998 a 2012 houve um crescimento de 12% para 27% em número de termelétricas em produção, mas poderia ser maior esse crescimento não fosse o atraso no cronograma: “quase metade das novas usinas termelétricas previstas para 2012 não entrou em operação. No total, 27 das 57 usinas desse tipo que deveriam estar disponíveis para começar a gerar energia não conseguiram cumprir o cronograma.” (ANNEL, 2013).
Com os problemas recorrentes de falta de chuvas, as termoelétricas estão cada vez mais acionadas para complementar a demanda crescente por energia elétrica, que cresce em uma taxa de 4% ao ano. Segundo o relatório da consultoria especializada PSR, “Em 2014 a produção das termoelétricas bateu recorde de produção”. (PSR, 2015). Naquele ano, segundo a PSR, 24% do total da energia elétrica produzida no País vinha das termelétricas. Em 2012 a produção térmica era de apenas 6%.
Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), este ano, de 2017, a preocupação com os reservatórios das hidrelétricas brasileiras voltou, em alguns Estados do Norte e Nordeste a situação está pior do aconteceu em anos anteriores, de grande crise no setor hidrológico. Assim, mais usinas térmicas estão ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), desta forma, com mais combustíveis fósseis sendo queimados, os impactos socioambientais e as emissões de poluentes confirmam a tendência de expansão para os próximos anos.
As atividades das termoeléctricas, principalmente as movidas a carvão mineral, lançam no ar gases altamente poluidores, como Dióxido de Carbono (CO2), Dióxido de Enxofre (SO2), Dióxido de Nitrogênio (NO2), Material Particulado entre outros poluidores. Essas emissões tendem a aumentar.
Com a flexibilização do mercado de gás natural no Brasil, e a prevista autossuficiência do País na produção de gás a partir de 2021, o governo pensa em construir termelétricas que seriam usadas em produção contínua, como acontece nas hidrelétricas. Assim afirmou o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. “Estamos pensando, pois, uma térmica inflexível, que roda na base o tempo todo, tem um custo de operação muito menor” — destacou o ministro, em entrevista (Jornal O Globo, 2017).
Portanto, o planejamento governamental, deste o começa da década passada, tem apontado para um crescimento de produção de energia de origem fóssil a pequeno, médio e longo prazo, apesar dos recentes investimentos em fontes renováveis, como a eólica.
Nesse cenário, são preocupantes os níveis de emissões, que afetam também as regiões onde os empreendimentos estão instalados. Embora exista tecnologia de controle de emissões, ainda assim esse tipo de poluição é um grande problema.
O objetivo desta pesquisa é estudar os impactos socioambientais resultantes do aumento da produção de energia térmica, os níveis de emissões das termelétricas a gás natural e carvão mineral e, analisar as últimas tecnológicas que estão sendo implantadas para reduzir ou controlar os danos causados ao meio ambiente.
Efetuou se uma busca por artigos, teses, monografias, dentre outras fontes, objetivando analisar o setor termelétrico brasileiro, que faz uso de combustíveis fosseis na combustão e, desta forma identificar os impactos ambientais, graus de poluição da queima desses combustíveis, assim como as técnicas e tecnologias envolvidas no processo de minimização das emissões. Comparando as datas e informações dos artigos, verificou-se que a maioria deles estão desatualizados em relação aos últimos acontecimentos no setor energético brasileiro.
Assim, pesquisou-se também onde os dados recentes sobre produção das termoeléctricas estão atualizados, em sites governamentais e especializados em energia elétrica.
Com base nas buscas bibliográficas e nas pesquisas citadas, encontrou-se 6 artigos e várias publicações especializadas. Verificou-se nesse material que os impactos ambientais ocorrem desde a fase de projeto, passando pela implantação, operação e até na desativação da usina. Os gases poluentes são bastante citados nos artigos. Destacam-se os mais agressivos, com impacto em todo o planeta, são eles: Oxido de Nitrogênio (NOx), Dióxido de Enxofre (SO2) e Material Particulado (MP).
Verificou-se que além das técnicas tradicionais para mitigar os impactos ambientais, em que o controle das emissões ocorre em três etapas: antes, durante e após a combustão, a tecnologia avançou nos últimos anos, contribuindo e muito para amenizar o lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera. Contudo, verificou-se também que apesar de toda tecnologia à disposição, ela não impede que toneladas de poluentes sejam lançadas todos os dias na atmosfera.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Brasil mais que dobrou a demanda por energia entre 1990 e 2015 – Isso sem contar a produção não integrada ao SIN – Sistema Integrado Nacional – Como as pequenas usinas elétricas de fazendas e painéis solares instalados pelos próprios consumidores.
A Principal matriz elétrica brasileira continua sendo a hidráulica, mesmo perdendo terreno ao longo dos anos para outras fontes de energia. “No começo da década de 90 toda eletricidade gerada era 93% hidráulica. Em 2000 esse número reduziu para 87,2%, em 2015 para 64,00%”. (EPE, 2016). – Uma fonte de energia que vem ganhando impulso é a eólica. “Em 2016, a potência instalada para geração eólica no país expandiu 33%. Segundo o Banco de Informações da Geração (BIG), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)” – (EPE, 2016).
Figura 1 – Matriz Energética Brasileira em 2015 – Fonte: EPE, 2016
A predominância hídrica no ano seguinte aumentou para 68,1%, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANNEL) de Agosto de 2017. No entanto, o gráfico abaixo (Figura 2), mostra que a produção de energia usando combustíveis fósseis teve um recuou, isso se deve ao cenário econômico desfavorável em 2016, de forte retração no setor.
Figura 2 - Matriz Energética Brasileira em 2016 – Fonte: EPE, 2017
Em agosto de 2017, a energia térmica representava 28,2% da matriz energética (Figura 3), no ano anterior era 26,5%, a produção a gás natural e a carvão correspondiam a 10,9%. Até em agosto de 2017 as duas chegavam a 10,4%, com destaque para a produção a gás natural, como mostra abaixo a figura 3.
Figura 3 - Matriz de Capacidade Instalada de Geração de Energia Elétrica – MME Ago/2017
Atualmente, no Brasil, há centenas de usinas térmicas em operação, segundo a ANNEL são 3008 mil empreendimentos de pequeno, médio e grande porte movidos à combustão de origem fóssil, óleo, biomassa ou energia térmica liberada em reações nucleares. Há, ainda, 125 empreendimentos em construção não iniciada e 30 em construção. Em operação, são 166 usinas a gás natural e 14 a carvão Mineral – Neste cenário, apesar da redução da participação das usinas termelétricas fósseis no setor elétrico, cuja geração de energia teve uma leve queda devido à recuperação parcial dos reservatórios das hidrelétricas nos últimos meses de 2016 e à desaceleração da economia, o setor termelétrico configura como um dos grandes responsáveis pelos níveis de emissões no Brasil. Somente mês de dezembro em 2013, as termelétricas em operação no pais lançaram mais de 1.508, 510,65 toneladas de CO2 na atmosfera – No ano foram 21.328,98 – ( COELHO, 2013).
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Figura 4 - Emissões atmosféricas por usina (t) – DEZ 2013
O avanço das termelétricas nos últimos anos está relacionado principalmente a crise energética no ano 2001, mais conhecida como “apagão”, e com os recorrentes problemas hídricos nos anos seguintes. O problema de demanda de energia já era previsto em relatório da Petrobrás de 199. No ano 2000, a solução mais viável ao governo foi investir em combustíveis fósseis. “Para tentar fazer frente a eminente crise e resolver o provável problema de escassez de energia elétrica, foi criado o Programa Prioritário de Termeletricidade - PPT pelo Decreto Federal 3.371de 24 de fevereiro de 2000” (COELHO, 2014)
A participação do gás natural, derivados de petróleo e carvão mineral como fonte primária de energia cresceu de 4% em 1990 para 22,2% em 2015. Esse aumento da geração não hídrica disparou os níveis de poluição atmosférica do Brasil.
Segundo o último relatório, do Observatório do Clima em parceria com o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), com dados de 2014 e 2015 as emissões de gases de efeito estufa (GEE) gerados pela queima de combustíveis fósseis – gás e carvão - representavam apenas 7,9% das emissões em 2004, passaram para 29% em 2014. O relatório mostra o aumento das emissões: “Em decorrência do aumento da participação da termoeletricidade movidas a combustível fóssil, as emissões de GEE na geração de eletricidade aumentaram mais de nove vezes entre 1990 (8,6 MtCO2e) e 2015 (78,2 MtCO2e), representando, em 2015, 17% do total do setor de energia e ocupando a posição de segundo maior emissor, depois dos transportes.” (SEEG, 2017).
O relatório fala da participação de cada combustível em questão:
Gás natural: “Cabe ainda destacar o aumento da participação do gás natural como fonte de emissões, passando de 3% em 1990 para 18% das emissões de CO2 em 2015, ficando em segundo lugar como combustível poluidor” (SEEG, 2017)
Carvão mineral – “O uso do carvão mineral foi responsável por 14% das emissões em 2014”. (SEEG, 2017). Lembrando que as usinas termelétricas a gás natural e carvão mineral consumiram apenas 16,5% dos combustíveis fósseis produzidos. Este crescimento já era esperando na projeção energética 2007- 2030:
No que diz respeito à energia hidrelétrica, que continuará a ser a fonte dominante na oferta de eletricidade, restrições ambientais devem limitar sua expansão, especialmente na Amazônia, onde se situam os maiores potenciais de recursos hídricos. Haverá, ao longo do período, recurso crescente à termeletricidade. (SEEG, 2017).
As restrições ambientais de fato têm dificultado construções de hidroelétrica. Para a próxima década, a projeção continua a mesma, haverá mais demanda por energia elétrica: “A evolução do consumo residencial de eletricidade no Brasil, com expansão média anual de 3,9% no período 2017-2026, pode ser vista como o efeito combinado de um crescimento médio de 2,5% ao ano do número de consumidores”. (EPE, 2017).
Nesse quadro, apesar das reduções nas emissões em tempo de crise econômica como em 2016, e da mudança no perfil energético brasileiro, com investimentos em energia renováveis, como eólica e solar, a expansão das térmicas continuarão acompanhando a demanda de cerca de 4,4% anual por eletricidade:
“O Brasil será o sétimo maior consumidor de energia do mundo (hoje ocupa a 11ª posição). Os componentes da taxa brasileira de expansão do consumo de energia elétrica são de 4,4%” – (Ernst & Young Brasil, 2008, Brasil Sustentável).
Para suprir as suas demandas, o modelo elétrico brasileiro tem se estruturado em fontes mais confiáveis de obtenção de energia, ou seja, aquelas que não dependem de variáveis da natureza, como a eólica e a solar. Os investimentos em novas termelétricas utilizando combustíveis fósseis, além de mais viáveis economicamente, são os que mais dão garantia e segurança de fornecimento de energia elétrica em períodos de crise hídrica, que certamente virá nesta que tem sido anunciada como a década mais quente da história do planeta.
Cooperam para a manutenção dessa estrutura fatores já vistos pelo setor hidráulico e a futura autossuficiência do Brasil em gás natural com abertura do setor – Com projeção inclusive de exportação de um excedente gigantesco - e a retomada da economia:
É esperado que, com a retomada da atividade econômica, a intensidade de emissões por unidade de energia produzida volte a crescer. Isso ocorre, principalmente, devido à perda de capacidade de armazenamento de água por parte dos reservatórios hidrelétricos e o perfil de complementação térmica adotada pelo setor. (SEEG, 2017).
O fator climático deve continuar favorecendo os investimentos em combustíveis fósseis são as previsões climáticas para o futuro. As crises hídricas poderão ser intensas como nunca visto antes na história recente:
Resultados de pesquisas em todo o mundo sugerem que, mesmo com o sucesso do Acordo de Paris e quaisquer que sejam os esforços feitos para limitar as emissões de gases de efeito estufa, ondas de calor mais fortes e frequentes e episódios de chuvas intensas e períodos secos e secas seriam inevitáveis nos próximos 30 anos. Até 2040, a frequência de episódios de calor extremos, chuvas intensas e secas vai aumentar, independente das emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Fonte 8 – (ORSINI,2017).
Com isso, o Brasil certamente terá dificuldade para cumprir suas metas de reduzir as emissões de gases poluidores, apesar de não ser no momento um grande poluidor energético.
As emissões brasileiras de CO2 pela queima de combustíveis fosseis no setor de energia se comparadas com as dos 50 países que mais emitem ainda é baixa, mas os números mostram que pouco a pouco o pais caminha para uma matriz com grande participação de combustíveis fosseis – (ORSINI,2017).
Algumas projeções já tem uma década:
No horizonte de longo prazo, fatores como o ritmo de crescimento da economia e a estrutura da expansão do consumo de energia terão papel fundamental no volume das emissões de gás carbônico (CO2). Mesmo levando-se em conta o aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira, o nível de emissões deverá se ampliar nos próximos 25 anos. Nas condições aqui consideradas, projetam-se emissões de cerca de 970 milhões de toneladas de CO2 em 2030. (ERNST & YOUNG BRASIL, 2008).
Esses números escondem os impactos causados. Um empreendimento termelétrico causa grande impacto local, primeiro pelo seu porte, as principais usinas são enormes, a queima de combustível fóssil é gigantesca causando grandes emissões (Figura 4). As usinas movidas a combustíveis fosseis são as principais lançadoras de gases de efeito estufa (GEE) do setor elétrico brasileiro. O Brasil é responsável por 3,4% das emissões mundiais de GEE. Como quase sempre as usinas são próximas aos centros de cargas as emissões pioram a qualidade do ar da região, causando assim efeitos na saúde da população do entorno.
O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) traz números impressionantes das emissões:
“As emissões nacionais de gases de efeito estufa subiram 8,9%, em 2016, em comparação com o ano anterior. O país emitiu, no ano passado, 2,278 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2), contra 2,091 bilhões, em 2015. Com 3,4% do total mundial, o Brasil ocupa o lugar de sétimo maior poluidor do mundo. Houve uma evolução das emissões por fonte primária, com amplo predomínio do petróleo (71% em 2014), seguido do gás natural (17%) e do carvão (6%). Entre 2000 e 2014, o crescimento proporcional mais expressivo se deu no gás natural, que mais do que quadruplicou as emissões no período, seguido do petróleo. (SEG, 2017).
GASES POLUIDORES:
O CO2 (Dióxido de Carbono) - É o principal gás de efeito estufa (GEE). Sua emissão está diretamente relacionada com o combustível escolhido e com a eficácia da conversão da energia na geração.
Material Particulado (MP) – Trata-se de partículas muito pequenas de sólidos ou líquidos que são lançados junto com os gases e permanecem neles em suspensão podendo ser descartadas para a atmosfera. Essas partículas são cinzas ou produto da combustão incompleta.
Óxidos de Nitrogênio (NOx) – Sua formação acontece quando um combustível é queimado na presença do ar. Em alta temperatura, nitrogênio e oxigênio reagem formando NO e NO2. Óxidos de Nitrogênio estão relacionados à chuva ácida, e ainda reagem com compostos voláteis na presença de luz solar, formando poluentes secundários.
Óxidos de Enxofre (SOx) – Surge na queima de qualquer material que tenha enxofre. As usinas termelétricas são as principais responsáveis por sua emissão. O Dióxido de Enxofre (SO2) tem parcela maior de emissão. O (SO3) Trióxido de enxofre também é emitido. Os dois podem causar efeitos ambientais diversos.
Outros poluentes - A geração térmica pode emitir também outros poluentes, como Monóxido de carbono (CO), que resulta da queima incompleta dos combustíveis. Metais pesados como As, Cd, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb, Se, V, Zn também podem ser emitidos
A tecnologia tem sido usada a favor, mas apenas minimiza as emissões. Um exemplo é a usina de Pecém, no Ceará, que é movida a carvão mineral. Depois de receber algumas multas pesadas por poluição do ar e sonora por uso da correria transportadora, o complexo industrial recebeu pesados investimentos para mitigar a poluição, isolou a correia, mas continua lançando na atmosfera gases poluentes, e tudo dentro das normas vigentes. Um outro caso recente é o da Usina Termelétrica do Porto do Itaqui, que também opera com carvão mineral. Depois de exceder o limite permitido pela legislação de emissões de poluentes, o IBAMA que deveria punir triplicou o limite permitido, o que levou o MPF-MA a pedir a cassação da licença de funcionamento da UTE.
“Em outubro de 2015, o IBAMA aumentou os limites permitidos para emissão de poluentes atmosféricos pela empresa, o que, segundo o MPF, contraria os motivos determinantes que levaram à fixação dos níveis anteriormente estipulados”. (G1, 2016).
As principais tecnologias adotadas hoje para minimizar as emissões de poluentes são:
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Precipitadores Eletrostáticos
Os Precipitadores eletroestáticos aplicam cargas elétricas para separar partículas dos fluxos de gás. Uma elevada queda de pressão é estabelecida entre os eletrodos, fazendo com que as partículas que passam por este campo elétrico adquiram carga. As partículas eletricamente carregadas são atraídas e coletadas nas placas eletrificadas com cargas opostas e o gás limpo flui pelo equipamento. Eficiência de remoção (%): 94,8 a 99,5 dependendo das especificidades do material particulado.
Filtros de Manga Longa
Os filtros de manga operam considerando-se os mesmos princípios dos aspiradores de pó residenciais. O fluxo de ar carregado com partículas de poeira é forçado por uma bolsa de pano. Com a passagem do fluxo através do pano, a poeira acumula neste pano, criando um fluxo de ar limpo. Esses filtros podem ser de diversos materiais (algodão, poliéster, papel, etc.), os quais são selecionados de acordo com a aplicação
Eficiência de remoção (%): 99,8 a 99,9 dependendo.
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Geralmente, os ciclones por si só não são eficientes ao ponto de atenderem às regulações de qualidade do ar. Muitas vezes, são instalados como pré-coletores e antes dos precipitadores, filtros de manga e lavadores, a fim de reduzir a carga de particulados e os custos de instalação e operação. Os ciclones removem partículas fazendo com que o fluxo de gases flua em um padrão espiral dentro de uma tubulação. O gás limpo sai por cima do equipamento. Eficiência de remoção (%): 84,6-93,9 para pó grosso; 65,3-84,2 para pó fino e 22,4-52,3 para pó superfino
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O scrubber emprega os princípios de impacto e interceptação das partículas de poeira por parte de gotículas de água. As maiores e mais pesadas gotículas de água são facilmente separadas do gás pela ação da gravidade. As partículas sólidas podem então ser independentemente separadas da água ou a água pode ser tratada antes de reuso ou descarga em algum corpo hídrico. O custo deste equipamento é elevado, só grandes usinas o utilizam. Eficiência de remoção (%): Cerca de 92-98 [7]. Nos últimos anos, esta tecnologia amadureceu bastante, evoluindo a eficiência de remoção. Geralmente, são utilizados em usinas de pequeno e médio porte e são caracterizados por menores custos de instalação, mas maiores custos de operação. (Fig. 2)
Os queimadores Low-NOX são a tecnologia mais comum de controle de NOX, podendo não só serem aplicados em usinas novas de geração como também são facilmente adaptáveis em usinas existentes independente do combustível utilizado. Basicamente, estes novos queimadores inibem a formação de NOX por meio do controle da mistura de ar e combustível. Eles possuem um bico para injetar a mistura ar/combustível e outros dois injetores para o ar. Desta forma, menos NOX é formado visto que maiores e mais ramificadas chamas são criadas e menores temperaturas de pico são atingidas. Eficiência de remoção (%): entre 40-60 se comparado com queimadores antigos. Queimadores ultra-low NOx chegam a reduzir 70% [2].
A QUESTÃO DA ÁGUA: Se no discurso para a implantação de uma termelétrica consta os problemas enfrentados pelo setor hidrológico, por outro lado a implantação de uma usina demanda uma quantidade enorme de água. Todas as usinas termoelétricas necessitam de sistemas de resfriamento para a condensação do vapor utilizado nas turbinas. Uma usina de 600 megawatts (MW) 1435 m3/h – Se comparado ao que precisa uma usina hidrelétrica por hora é pouco, porém em tempo se escassez de água, pode ser muita água. Um exemplo é a Termelétrica de Pecém, no Ceará, que tem capacidade para 720 megawatts – Metade do parque gerador do Ceará – O complexo no qual a usina está instalado tem autorização para captar até 70 milhões de litros de água por dia do Castanhão, o maior açude do Ceará. Esse volume daria para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes – A usina consome 1.000 litros por segundo – Um terço do consumo de água de toda Fortaleza. Por conta da seca na região, a Usina recebeu multas pesadas por exceder a cota de consumo diário estabelecida pelo governo, com isso ameaçou encerrar as atividades. Para contornar esse problema, algumas termelétricas estão sendo construídas próximo ao mar, visando captar a água em abundância.
Outro problema causado pelo uso da água é chamado de poluição termal:
A poluição termal ou poluição térmica ocorre mais comumente nas águas, mas pode ocorrer também no ar, conforme falaremos mais adiante. Trata-se do despejo de água em temperaturas mais elevadas que as condições ambientes em rios, mares e lagos.
[...] Depois de deixar a turbina, o vapor passa por um trocador de calor que funciona como um condensador, onde o vapor é resfriado e passa para a fase líquida. Nesse condensador é usada água oriunda de uma fonte externa natural que está localizada perto da usina. O vapor que retornou para o estado líquido é encaminhado para o circuito principal, iniciando novamente todo o processo. Porém, a água usada na refrigeração do condensador retorna para a sua fonte, que pode ser um rio, lago ou mar (FOGAÇA, 2017).
[...] A elevação da temperatura da água também aumenta a velocidade das reações de outros poluentes — se já estiverem presentes na água — e afeta o ciclo de reprodução de algumas espécies, diminuindo o tempo de vida delas. Nos mares, a poluição térmica pode causar a morte dos corais, que são colônias de animais e plantas do mundo marinho que abrigam extraordinária biodiversidade e produtividade. As águas quentes levam à contração dos corais, que passam a sufocar as algas dentro deles. Estas, por sua vez, soltam toxinas para forçar o coral a expulsá-las. Por isso, eles ficam doentes e com a cor branca. Se a temperatura do mar não voltar ao normal, eles, por fim, morrem. Outra consequência da poluição térmica das águas é que o aumento da temperatura da água acima do normal tolerado pelo ecossistema pode acelerar o desenvolvimento de bactérias e fungos, que, por sua vez, podem causar doenças em peixes e outras espécies marinhas. (FOGAÇA, 2017).
CONCLUSÃO
A matriz elétrica brasileira tem passado por mudanças profundas nos últimos anos. Com a crise hídrica da década passada entrou no planejamento do sistema elétrico maciços investimentos em termelétricas movidas a combustíveis fósseis, que são mais baratos, abundantes, porém altamente poluentes. Para o momento de crise a aposta foi acertada, mas os custos socioambientais foram, e continuam sendo altos. Usinas termelétricas a carvão e gás demandam queima de quantidades enormes de combustíveis, e por mais que existam hoje tecnologias que reduzem significativamente as emissões de gases poluentes, ainda assim são lançados milhões desses gases na atmosfera, principalmente o C02, gás de efeito estufa (GEE). O caminho parece, no momento, ser sem volta. As projeções para o mercado de gás natural são gigantes, haverá oferta de sobra para alimentar continuamente muitas usinas térmicas por muitos anos. Pelo lado climático, as previsões apontam que poderá haver períodos de seca intensa, o que minaria ainda mais os investimentos no setor hídrico, que passa por dificuldades climáticas e por pressões ambientais.
O problema das emissões de gases GEE é de difícil solução no mundo todo, todos os países do mundo lançam CO2 na atmosfera, independente do grau de desenvolvimento. O Brasil só poderá ter uma matriz elétrica que polui menos se continuar em transição, ou seja, é preciso continuar investindo em uma matriz mais limpa, como aconteceu nos últimos dois anos, com o crescimento de energias renováveis, como a e eólico e a solar. Os resultados desses investimentos contribuíram para deixar estagnada a meta de emissões de CO2 do Brasil no ano passado. É preciso, portanto, redirecionar os investimentos, apostar em energias renováveis, cujos investimentos ainda são tímidos por conta das variáveis climáticas, apesar do enorme potencial.
SOCIO-ENVIRONMENTAL IMPACTS OF MINERAL COAL AND NATURAL GAS MOVEMENTS IN BRAZIL
ABSTRACT
The objective of this work is to analyze the socioenvironmental impacts caused by the generation of energy from Brazilian thermoelectric plants fueled by fossil fuels, coal and natural gas. The work also aims to map the expansion of the thermoelectric grid fed by these fuels, as well as to verify technological advances to mitigate the impacts of emissions of gases and other pollutants released into the atmosphere by burning coal and using gas. This is a bibliographical review work based on scientific articles and more recent publications of government institutions and specialized in the energy sector. The results obtained indicate that the changes in the Brazilian energy profile in recent years have caused significant impacts. The option for a thermoelectric plant causes an impact from the implantation until the disposal of the water used to heat the boilers and destined to the cooling systems. The most significant aggression, however, is caused by the emission of greenhouse gases (GHG), mainly in the burning of coal, which despite the small participation in the Brazilian energy sector, is the most aggressive. Coal is the world's leading fuel for energy production - the most abundant in nature and the dirtiest of fossil fuels, behind only oil - Natural gas has been gaining strength in the energy matrix, but despite polluting less than coal accounts for a large share of the emission of pollutants.
Keywords: Thermoelectric. Mineral coal. Natural gas. Emissions of Pollutants.
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