IMPACTOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE PELA PRODUÇÃO DE MILHO NO BRASIL


Moisés Nazareno
Em que pese a crise econômica que afetou a economia em 2016, derrubando a produção industrial como poucas vezes aconteceu na história do Brasil, a produção de milhou bateu recordes. O Estado do Mato Grosso do Sul, por exemplo, colheu a maior safra de sua história, com 9,8 milhões de toneladas, superando as previsões inicias:
IMPACTOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE PELA PRODUÇÃO DE MILHO NO BRASIL


"Os agricultores de Mato Grosso do Sul superaram todas as previsões e colheram a maior safra de inverno de milho (safrinha ou segunda safra), da história do estado, 9,800 milhões. Até então o recorde era do ciclo 2014/2015, com 9,108 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados pela Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja/MS)." VIEGAS, 2017.
Nos demais Estados produtores, o quadro também foi de abundância, de forma que o Brasil teve a maior produção de milho de sua história em 2016/2017.

"Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio e Serviço, o pais colheu a maior safra de milho da história, com 97 milhões de toneladas, em função disso o estoque de passagem é o maior já estima, 20 milhões de toneladas"  (MUNHOZ, 2017)

Esse recorde só foi possível graças às condições climáticas favoráveis o ano todo nas regiões produtoras, o que ajudou o Brasil a se consolidar como o terceiro maior produtor na safra 2016/2017

Assim como toda essa enorme produção só foi possível com condições climáticas favoráveis, ela não aconteceria sem o uso de uma quantidade gigantesca de agrotóxicos e fertilizantes no controle de pragas e manejo do solo. Destacando os agrotóxicos, seu uso  no Brasil é alarmante.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cada brasileiro consome por ano 5 litros de agrotóxicos. “Os dados sobre o consumo dessas substâncias no Brasil são alarmantes", disse Karen Friedrich, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). ( ROSSI, 2017 )

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do Mundo, inclusive faz uso de produtos não autorizados e  banidos em vários países há anos:
“Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Anvisa. Segundo o Dossiê Abrasco - um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, publicado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Desses, segundo a Anvisa, 28% contêm substâncias não autorizadas.” ( ROSSI, 2017 )

Para onde vai tanto agrotóxicos e fertilizantes? Conforme levantamento da Associação Brasileira de Saúde coletiva ( Abrasco), a produção de milho está em segundo lugar na demanda por agrotóxicos:

O quadro é preocupante, uma vez que a única forma mais segura de ficar livre dos agrotóxicos usados no milho seria consumir milho orgânico, mas isso está longe de acontecer no Brasil. Apenas 0,018% do milho produzido no Brasil é orgânico, segundo a Embrapa:
“A área plantada estimada está em 3.300 hectares, o que representa apenas 0,018% das lavouras ocupadas pelo cereal no País. Nos Estados Unidos, essa relação é 10 vezes maior. No Brasil, o avanço da produção de grãos orgânicos ainda enfrenta resistência por receio dos produtores em relação à conversão da produção convencional para o modelo orgânico” ( EMBRAPA, 2017 )

Em extremos opostos aos números do milho orgânico, estão os impactos causados ao meio ambiente pelo uso de agrotóxicos e fertilizantes na cultura do milho,  que prejudicam o solo.  

“Processos de acidificação e eutrofização do solo estão diretamente relacionados à presença de compostos de nitrogênio, como: amônia, óxidos de nitrogênio (nitrato, nitrito, etc.), estando a presença destes em plantações de milho ligada à utilização de fertilizantes para crescimento e desenvolvimento da cultura. “

Segundo a EMBRAPA, os óxidos de nitrogênio e a amônia são os responsáveis pelo maior impacto ao meio ambiente na cultura do milho, uma vez que na plantação há uma remoção de nitrogênio, o que requer a adubação nitrogenada para suprir as carências do solo.

Além disso, todo esse material usado para garantir uma boa colheita tem impactos que chegam bem longe das áreas plantadas. No ar, o agrotóxico quando lançado pode espalhar-se para outras áreas distantes, atingindo pastos e plantações diversas. Na terra, pode chegar a atingir o lençol freático quando levado pela água da chuva, contaminando os mananciais.

OUTROS PROBLEMAS:
CO2 – A monocultura, como a do milho, está na liberação de CO2, principal gás do efeito estufa ( GEE ) –  A agricultura mundial é uma das grandes responsáveis pelo aquecimento global.
“As emissões do setor, somadas ao desmatamento para a conversão de terras para o cultivo, representam algo entre 17% e 32% de todas as emissões de gases do efeito estufa provocadas por atividades humanas. Segundo Pete Smith, da Universidade de Aberdeen (Reino Unido), um dos autores do capítulo de agricultura do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas).” ( AGRITEMPO, 2017 )

Esgotamento dos mananciais: “em todo processo produtivo das atividades relacionadas com o espaço agrário, utiliza-se grande quantidade de água. Para se ter uma noção, na produção de milho, gastam-se 1750 litros por quilo produzido. Já para a produção de carne no Brasil, gastam-se, em média, 4325 litros por quilo de frango, 15.400 litros por quilo de carne bovina e 10.400 litros para cada quilo de carne suína. A progressiva retirada de água de mananciais e de reservatórios de águas subterrâneas por essas atividades pode acarretar a diminuição do volume ou até mesmo o esgotamento de rios e lençóis freáticos.” ( SILVA, 2017 )

Soma-se a esses danos a perda da biodiversidade, a desmatamento de florestas para a cultivo de monocultura, várias espécies da fauna e da flora entram em risco de extinção, ou são mesmo extintas, pois o ecossistema é reduzido, dificultando assim a sobrevivência.

REFERÊNCIAS:
AGRITEMPO: " Aquecimento Global na Agricultura - Causa e Efeito"; AGRITEMPO.COM. Disponível em < https://www.agritempo.gov.br/climaeagricultura/causa-e-efeito.html >. Acesso em 13 de dezembro de 2017.

EMBRAPA: "Mercado de orgânicos pode ser estratégico para o Brasil"; EMBRAPA. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/29/politica/1430321822_851653.html>. Acesso em 13 de dezembro de 2017.
MUNHOZ, Lilian Munhoz, "Neste ano país colheu maior safra de milho da história Criadores de suínos,"; TV TERRA VIVA. Disponível em <http://tvterraviva.band.uol.com.br/videos/programas/primeira-prosa/16315164/neste-ano-pais-colheu-maior-safra-de-milho-da-historia.htm>. Acesso em 13 de dezembro de 2017.

MARINA, Marina Rossi. "O “alarmante” uso de agrotóxicos no Brasil atinge 70% dos alimentos"; EL País. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/29/politica/1430321822_851653.html>. Acesso em 13 de dezembro de 2017.

SILVA, Thamires Olimpia.      "Impactos ambientais causados pelo agronegócio no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/impactos-ambientais-causados-pelo-agronegocio-no-brasil.htm>. Acesso em 13 de dezembro de 2017.
VIEGAS, Anderson Viegas, "Neste ano país colheu maior safra de milho da história Criadores de suínos,"; G1.COM. Disponível em < https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/ms-supera-previsoes-e-colhe-maior-safra-de-inverno-de-milho-de-sua-historia-98-milhoes-de-toneladas.ghtml>. Acesso em 13 de dezembro de 2017.